Alunos da ESAD vão usar instalações da antiga fábrica Bordallo Pinheiro

Gazeta das Caldas

“A antiga fábrica da Bordallo Pinheiro, que foi adquirida pela Câmara em 2009, vai em breve albergar iniciativas relacionadas com um centro de investigação de cerâmica da ESAD. Uma parceria que visa dinamizar aquelas instalações durante dois anos, enquanto a Câmara não tem um projecto próprio para o local. 

A Câmara das Caldas vai permitir nas antigas instalações da Fábrica de Faianças Bordallo Pinheiro o acolhimento de actividades de um centro de investigação cerâmico para o qual o IPL obteve um financiamento de cerca de 200 mil euros da Fundação de Ciência e Tecnologia, segundo confirmou José Frade, docente do IPL e um dos responsáveis pelo projecto.
O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, confirmou o empréstimo das instalações à escola de artes tendo em conta que “nos dois anos de funcionamento do projecto da ESAD não temos nada previsto para funcionar naquele local”.
As instalações fabris caldenses poderão transformar-se em espaço expositivo ou de investigação.
A vereadora da Cultura, Maria da Conceição Pereira, disse que a Câmara possui colecções de cerâmica que precisam de trabalho de investigação. Só da Secla são cerca de 6000 peças e da Molde quase 7000 que podem ser estudadas.

“12 projectos 12 conversas”

O anúncio sobre o centro de investigação poder vir a ter actividades nas Caldas foi apresentado na exposição “12 projectos 12 conversas” que está a decorrer no Espaço Concas até 18 de Abril. A coordenar a exposição esteve Liliana Gouveia, também ela a realizar o seu mestrado em Design de Produto na ESAD. Tem 25 anos, é da Serra da Estrela e explicou que a mostra “quer incentivar os alunos a continuar a desenvolver projectos em cerâmica”.
Depois do Centro de Artes será feita uma nova mostra no Cencal dedicada aos produtos cerâmicos industriais que se produzem em todo o país. Francisca Branco, de 25 anos, é do Porto e mora nas Caldas há oito anos e deu a conhecer o seu projecto ligado à cerâmica e à alimentação. A jovem fez uma recolha sobre as formas tradicionais cerâmicas usadas no Minho, em Trás-os-Montes e no Alentejo e a partir dessa pesquisa criou objectos contemporâneos que guardam traços tradicionais.
Marco Ferreira, 37 anos, é de São Miguel (Açores) e trouxe os seus contentores lúdicos, feitos com pequenos animais. Servem para reflectir sobre a ideia de existência pois “todos nós somos animais, apesar de termos que nos comportar de forma cívica em sociedade”. O autor vai continuar a explorar o tema e a optimizar o processo de fabrico das suas peças “animalescas”.
A leiriense Ana Lisboa (22 anos) e a transmontana Sara Silva (23 anos) estiveram em Itália a frequentar Erasmus. São autoras de uma peça em cerâmica em cujo interior é possível refrescar vegetais. A parte exterior da peça inclui terra e plantas vivas que permitem “que o interior fique frio e dê para refrescar vegetais”. A peça é reciclável pois não é vidrada e as autoras gostariam de as produzir aliando-se a ateliers de artesãos.
João Margarido, 27 anos, de Lisboa, vive nas Caldas há sete e apresentou peças feitas com terras que recolheu do Alentejo, Caldas, Lisboa, Pinhal Novo e Praia do Salgado. Com este material, o estudante fez as peças e também as decorou, pois obteve diferentes tonalidades.”

(Consulte aqui a Notícia na integra)

 

– Gazeta das Caldas nº 5221, Sexta-Feira 13 Abril de 2018, pag.28

 

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