Dando uma volta no tempo…
Encontramo-nos em 1992, no segundo ano lectivo da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria, conhecida pela escola perto da G.N.R. ou pelo antigo Magistério Primário, ainda com 406 alunos. Estávamos em plena semana académica, e numa das salas da antiga ESTG, os caloiros de Gestão Comercial e Marketing que se encontravam a fazer flores de papel cor-de-laranja para o carro de curso, quando Adelaide Moita e Óscar Araújo (Considerados os pais espirituais da tuna) lançaram a ideia de criar uma Tuna. Dos presentes, foram fundadores da tuna: Adelaide Moita (2ºano), Paulo Ribeiro Martins, Nuno Belo, José Augusto Filipe, Luís Vita Cruz, Clotilde Margarida Mafra, Teresa Fazendeiro, Ana Barros (2º ano), Rogério Cardoso, Rogério Casalinho (2º ano), António e Luísa Machado.
A ideia foi ganhando consistência e após os exames da época Setembro, Paulo Ribeiro Martins decidiu criar oficialmente a tuna da E.S.T.G. A ele juntou-se Adelaide Moita na liderança. Um cartaz em cartolina na parede junto aos placards das notas, foi o primeiro passo mas com pouco sucesso, então adoptaram a estratégia de convidar os futuros elementos pessoalmente. Alguns elementos sabiam tocar instrumentos, embora a grande parte não tivesse nenhuma formação a nível musical. Juntaram vozes e propuseram-se a aprender cavaquinho, bombo, pandeiretas e adufe. Começa, assim, a ser trilhado o caminho da tuna.
O segundo passo foi a apresentação da intenção de criar uma tuna na Comissão Instaladora à Dra Cecília e ao Dr. Arnaldo Febra. Após várias reuniões, a Comissão Instaladora, mostrou uma grande abertura perante esta ideia, incentivando e motivando para o trabalho a efectuar em prol da escola, reconhecendo, deste modo, o valor cultural. A Tuna recebe assim, uma sala para os ensaios, o financiamento do estandarte e a sugestão de ter o ilustre Professor Filipe como ensaiador.
A Câmara Municipal de Leiria foi outro dos pilares importantes para a fundação da tuna. Primeiramente tiveram uma reunião com o vereador da cultura Dr. Vítor Lourenço, que mostrou bastante receptividade à ideia que de imediato ofereceu um emblema da Câmara para as capas. O vereador da educação Dr. Augusto de Oliveira, levou a proposta a reunião de câmara e em conjunto com o presidente Dr. Lemos Proença estabeleceram o financiamento da tuna em 50 contos, o único valor monetário que tiveram. Este valor foi então canalizado para a compra das pandeiretas, reco-reco, adufe, cordas para as violas, um bombo e um cavaquinho.
O Instituto da Juventude também contribuiu com a parte criativa do estandarte: fundo cinzento (cor da E.S.T.G.) na parte superior Instituna Politénica, ao meio a flor do Liz – símbolo da cidade de Leiria e em baixo E.S.T.G. – Leiria. Foi também disponibilizado uma sala na Pousada da Juventude para os ensaios de instrumentos às segundas-feiras, e no caso dos ensaios de vozes e ensaios gerais outra sala na Juventude Desportiva do Liz com o Ilustre Professor Filipe.
De todos os apoios, puderam contar também com a Associação de Estudantes, em especial com o Armando e o Rafael Jorge. No início da actividade da tuna os instrumentos eram guardados na sede da associação.
Numa segunda-feira deu-se a votação para o nome da tuna. Dos vários nomes sugeridos, apenas dois foram a votação: Instituna Politénica sugerido pelo Miguel Lourenço e Miopía Auditiva pelo Jorge Custódio. Instituna Politénica ganha então pela diferença de dois votos.
O recrutamento abarcou todos os cursos da E.S.T.G.: Gestão Comercial e Marketing, Engenharia Mecânica, Engenharia Electrotécnica e Tradução. Num dos primeiros ensaios na Juventude Desportiva do Liz,participaram cerca de 40 alunos. Estes foram informados que apenas poderiam continuar na tuna se tivessem o traje académico. Deste modo, no ensaio seguinte apareceram 27 elementos.
Apesar da ajuda monetária da Câmara, alguns elementos, e alguns pais dos Institunos (a eles um muito obrigado) disponibilizaram os seus instrumentos pessoais para os ensaios.
Às quintas-feiras os ensaios gerais na Juventude Desportiva do Liz tiveram graças a Deus como ensaiador o Ilustre Prof. Filipe, os excepcionais conhecimentos de música e canto solidificaram e motivaram a Instituna para o espírito académico com melhorias significativas de ensaio para ensaio, por veses com pormenores que nos davam uma força interior para moldar e aperfeiçoar as nossas vozes.
Para além deste conhecimento, criou raízes de solidariedade, do humanismo, da camaradagem, da responsabilidade, do bom senso, da amizade entre Institunos. Em nome dos fundadores a nossa simples homenagem ao Homem, ao Ensaiador, ao Padre, ao Amigo, ao Ilustre Prof. Filipe, bem haja Prof. Filipe, estará sempre na nossa memória, Deus o tenha em bom lugar.
O motivo porque a Instituna Politénica é mista, resulta essencialmente da oportunidade de acesso ao Ensino Superior em plano de igualdade por parte dos homens e das mulheres, o que antigamente não aconteceria, basicamente eram os homens que frequentavam e daí existirem tunas masculinas, como dizia Luís Vaz de Camões “mudam os tempos, mudam as vontades”, portanto, a tuna mista é o espelho da comunhão dos dois sexos quer na parte escolar, quer na parte cultural.
Os Institunos tinham as seguintes funções:
Adelaide Moita – Voz;
Ana Barros – Voz;
António Testas – Voz;
Nuno Belo – Voz;
Luís Vita Cruz – Voz;
Luís Trindade – Voz;
Sílvia Pestana – Voz;
Catarina – Voz;
Teresa Fazendeiro – Voz;
Paula – Voz;
Sandra Fernandes – Voz;
Sandra Barros – Voz;
Samandi Sigismundo – Voz;
Helena – Voz;
Xavier – Bombo
José Augústo Filipe – Cavaquinho;
Jorge Custódio – Cavaquinho;
Rui Barros – Pandeireta;
Paulo Campizes – Bandolim;
Paulo Ribeiro Martins – Magister e porta estandarte;
Luísa Machado – Chicalho;
Miguel – Clarinete;
Elisabete Baptista – Concertina;
Rogério Cardoso – Viola;
Pedro Almeida – Viola;
Rogério Casalinho – Viola;
Mário – Reco-reco;
António – Adulfe;
No dia 10 de Maio de 1993 houve o ensaio geral no jardim da Pousada da Juventude.
A Instituna apresenta-se na E.S.T.G. em 11 de Maio, pelas 10h a Adelaide Moita e a Dra Cicília Basilico receberam as autoridades, na presença de alunos e professores, a Instituna iniciou a sua apresentação nos claustros, abrindo com o Hino de Estudante, de seguida o Magíster Paulo Ribeiro Martins agradeceu o contributo e a presença de autoridades, apoio dos alunos e professores e disse Esta tuna não somos só nós, mas a escola toda, depois os Institunos estenderam as capas no chão, formando um ponto de passagem, as autoridades colocaram cada um uma fita no estandarte, fita de Gestão Comercial e Marketing, Engenharia Mecânica, Engenharia Electrotécnica e Tradução, o presidente da câmara de Leiria, Dr, Lemos Proença, o presidente do I.P.L., Prof. Dr. Pereira de Melo, o vereador da Educação C.M.L. Dr. Augusto de Oliveira e Dr. Arnaldo Febra, em representação da Comissão Instaladora da E.S.T.G.
Depois deste dia, o nome de Instituna alarga-se pelo país fora e extende-se pela Europa.