Resumos

04 maio| 17:30
CONFERÊNCIA 1 – INTENCIONALIDADE EDUCATIVA E GESTÃO DO CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR: AMBIGUIDADES E DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO DAS OCEPE

Isabel Lopes da Silva, Lourdes Mata, Manuela Rosa, Liliana Marques

Esta conferência terá como principal objetivo esclarecer algumas ambiguidades e desafios que se colocam na leitura e interpretação das OCEPE. Partindo das OCEPE de 1997 procuraremos realçar, não só a continuidade, como também clarificar as alterações introduzidas na reformulação de 2016. Pretende-se refletir sobre as dificuldades e questões que se colocam na sua implementação, organizando-as em torno da intencionalidade educativa e da responsabilidade do educador na construção e gestão do currículo. Esta reflexão terá em consideração aspetos como: a imagem de criança, o papel do educador no desenvolvimento articulado do currículo, apoiado num processo contínuo de planeamento e avaliação com a participação dos diferentes intervenientes (profissionais, famílias, crianças) e, ainda, na articulação com o 1.º Ciclo do Ensino Básico. Apontam-se também algumas implicações a ter em conta no futuro, com vista ao desenvolvimento de competências previstas no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, numa perspetiva de continuidade educativa.

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11 maio| 17:30
CONFERÊNCIA 2 – A EMERGÊNCIA DA LEITURA E DA ESCRITA NA EDUCAÇÃO DE INFÂNCIA E NO ENSINO BÁSICO

COMUNICAÇÃO 1: Literacia emergente: Intencionalidade educativa e qualidade dos contextos de educação de infância – Lourdes Mata

Resumo: Existem perspetivas diferentes sobre a forma como as crianças aprendem a linguagem escrita. A literacia emergente considera central o papel da criança no processo de descoberta e apropriação das convenções e conhecimentos sobre a leitura e a escrita. Considera também importante a qualidade dos contextos educativos (e.g. oportunidades de contacto, uso, tentativas de escrita, variedade de suportes, apoio dos profissionais).
Nesta apropriação da linguagem escrita por parte da criança, identificaram-se diferentes fases com caraterísticas específicas na forma de as crianças pensarem e concetualizarem a escrita, por vezes originais e nem sempre totalmente coincidentes com as convenções inerentes ao sistema de escrita. Este processo é gradual e depende da qualidade e variedade de oportunidades que cada criança tem para ver, usar e pensar sobre a linguagem escrita. Mais do que a técnica e o rigor na sua aplicação, a literacia emergente realça a individualidade do pensamento das crianças que serve de base para toda a ação educativa. Nesta comunicação procuraremos articular o resultado da investigação nesta área com as suas implicações para a prática pedagógica.

COMUNICAÇÃO 2: A abordagem à escrita e à leitura no contexto da educação de infância  – Adelaide Vala & Inácia Santana

Resumo: Todos temos consciência de que a criança, desde muito cedo, se confronta e vive com a linguagem escrita no seu meio envolvente: no caminho que faz até à escola, quando passeia com a família ou quando observa alguém a escrever ou a ler. A partir das interações que estabelece nestas situações, ela vai elaborar conceptualizações e questões relacionadas com a linguagem escrita, nem sempre tendo um interlocutor para poder dialogar sobre essas ideias, mas são elas que se tornarão facilitadoras da sua entrada no complexo mundo da escrita. A escola poderá tornar-se num local privilegiado onde a criança, com os seus pares e com os adultos, encontre esse interlocutor e, num diálogo sustentado, possa ter momentos para refletir e debater essas ideias, construindo aprendizagens sobre a própria linguagem escrita.

COMUNICAÇÃO 3: A aprendizagem formal da escrita no 1.º Ciclo do Ensino Básico – Helena Moreira & Inácia Santana

Resumo: Apesar de múltiplos estudos convergirem na ideia de que as crianças desenvolvem, desde muito cedo, inúmeras competências no domínio da linguagem escrita, a sua entrada no 1.º CEB ainda constitui uma rutura, uma vez que a escola desvaloriza todas as aprendizagens já realizadas. Assim, ignorando tudo o que elas já construíram internamente, são-lhes ensinadas letras, num caminho de mecanização e de treino, pré-determinado pelos métodos dominantes refletidos nos manuais. Reserva-se, deste modo, às crianças o papel de objeto passivo de aprendizagens desprovidas de significado.

Opondo-se determinantemente a estas perspetivas, o MEM tem vindo a construir, em cooperação e numa permanente problematização das nossas práticas, uma abordagem que se demarca dos métodos. Traduz-se na criação de ambientes autênticos de comunicação para que as crianças, em interação, se apropriem da linguagem escrita. Parte-se das suas produções para as conceptualizações, numa procura constante de coerência pedagógica, sustentada nas perspetivas socioculturais do desenvolvimento humano.

Nesta comunicação, apresentar-se-á uma prática de sala de aula no 1º ano, organizada segundo o modelo pedagógico do MEM. Focamo-nos nos processos através dos quais as crianças, num sistema de cooperação, aprendem formalmente a escrever e a ler, partindo dos seus saberes e potenciando-os no interior de uma comunidade de aprendizagem que se procura desenvolver.

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17 maio| 17:30
CONFERÊNCIA 3 – TORNAR VISÍVEL O PENSAMENTO DA CRIANÇA: REVELANDO A APRENDIZAGEM

COMUNICAÇÃO 1: Tornar visível o pensamento da criança: Revelando a aprendizagem – Renata Araújo

Resumo: Reconhecer a competência da criança, significa, entre outros aspectos, reconhecer que a crinça pensa e que ao pensar e interagir com o mundo, constroi teorias sobre ele. Dessa forma é fundamental a presença de um educador que ao estar em contato com a criança, não apenas reconheça a potência de seus pensamentos, como crie contextos para torná-lo visível, sobretudo, às próprias crianças. É sobre esse aspecto que abordarei em minha apresentação: a importância de tornar visível o pensamento da criança e possibilitar que tanto os educadores quanto as próprias crianças, identifiquem as aprendizagens construídas e avancem em seus processos ao entrarem em contato com o pensamento revelado por meio da escuta, do questionamento, da documentação e das rotinas de pensamento.
Esse estudo é parte das pesquisas desenvolvidas pelo Project Zero, da Harvard Graduate School of Education, especialmente as pesquisas “Visible Thinking” e “Visible Learners”, que desenvolvem investigações consistentes sobre a visibilidade do pensamento e da aprendizagem com o intuito de promover uma aprendizagem profunda. Essas pesquisas defendem a ideia de que não pensamos porque aprendemos, mas aprendemos porque pensamos. Dessa forma, torna-se necessário e fundamental, que o pensamento esteja no centro da aprendizagem e que possamos criar contextos para que todos os aprendizes “pensem melhor”. Da mesma forma, tornar visível o pensamento ao próprio pensante, ou seja, tornar consciente o pensamento, transforma a natureza da aprendizagem. Com esse intuito, os pesquisadores desenvolveram ferramentas que contribuem para construir uma nova cultura de pensamento tornando-o mais profundo e significativo em todas as idades.

COMUNICAÇÃO 2: O segredo da raposa: desocultar o invisível – Nuno Gonçalves

Resumo: Na construção da prática diária do Educador de Infância, o envolvimento da criança, da sua agência, a participação são “valores ativos” na construção de cenários e histórias de aprendizagem. De forma silenciosa e invisível… Ouvir, sentir, incluir, são os princípios fundamentais da implicação da criança na definição das estratégias pedagógicas mais adequadas. Um profissional atento, disponível, intricado e reflexivo saberá escutar e estar atento ao que “não é dito”, “não é mostrado”, não é…Visível. Porque o segredo, como diz a Raposa ao príncipezinho, é que o essencial é invisível aos olhos.

COMUNICAÇÃO 3: O bebé extraterrestre e o adulto anfitrião – Graça Bandola Cardoso

Resumo: A criança que chega ao mundo assemelha-se ao extraterrestre que acabou de aterrar.
Chega e espanta-se perante o não conhecido. Maravilha-se e deslumbra-se com o novo.
Tudo é desconhecido – e a descobrir; tudo é novo – e a conhecer.
E entre o espanto e o maravilhamento, a criança descobre e descobre-se.
Ao olhar, ouvir, sentir, tocar, descobre as coisas e o que faz sobre as coisas.
Em interação permanente, não passiva, não estática, a criança constitui-se como um ser com sentido de si próprio.
Age sobre o mundo. É ação. Ainda que (“só”) como observadora, é ativa. A sua observação do que a rodeia é intensa e é interpretativa.
Lê e interage com o mundo. Lê, age sobre, e interpreta o mundo.
Acreditar na criança ativa não significa hiperestimular.
O desafio para o adulto está em saber ouvi-la: não falantes, os bebés dizem, chamam, anunciam e denunciam. É o olhar, a mímica, o riso, o choro, o vocalizo… que interpelam o adulto e lhe indicam os caminhos para auxiliar as descobertas, aproximar o que é distante, abeirá-la do que há, e do que está, à sua volta.
Ao adulto anfitrião cabe a difícil, mas mais gratificante de todas as tarefas: apresentar o mundo à criança e apreciar, encantado, o seu maravilhamento.

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25 maio| 17:30
CONFERÊNCIA 4 – A Formação inicial de Educadores e Professores: Desafios para o futuro

COMUNICAÇÃO 1: Formação inicial: a primeira etapa do processo de desenvolvimento profissional – Maria João Cardona

Resumo: Esta reflexão centra-se na formação inicial dos/as educadores/as de infância e dos/as professores/as do 1º ciclo do ensino básico.
Desde 1986 (altura em que esta formação passou a pertencer ao ensino superior), até à atualidade, têm sido muitas as mudanças definidas, são muitos os desafios existentes.
Partindo de uma análise genéricas destas mudanças e das suas implicações, será feita uma reflexão mais detalhada sobre os seguintes aspetos:

  • a articulação entre a dimensão teórica e prática da formação;
  • a articulação entre a formação inicial e a formação contínua.

COMUNICAÇÃO 2: Do passado ao futuro da formação de Educadores/Professores: a atualidade abre novos desafios – Teresa Sarmento

Resumo; Tornar-se educador/professor é um processo individual e, ao mesmo tempo, coletivo, que exige a simbiose interna da ação, da experiência e da emoção, no sentido de se constituir como uma ação total de uma pessoa no desempenho de uma profissão específica. A formação inicial de educadores e professores, primeira fase formal de preparação para o exercício profissional, tem já uma história bem sedimentada em Portugal, desde o seu caráter meramente experiencial à ‘universitarização’ da mesma, marcada, naturalmente, por diferentes conceções educativas e desenvolvida em tempos sociais de condições diversas. A presente comunicação parte de uma abordagem sobre princípios basilares da formação de professores, para, depois de uma breve sinalização dos diferentes períodos da sua história, nos centrarmos na análise da atualidade, procurando desocultar problemáticas e potencialidades existentes, e abrindo reptos para este desafio que é formar educadores e professores para um futuro, que agora sabemos melhor que é incerto, mas em que tem que permanecer a garantia da educação como um direito das crianças, prevenido e promovido pelos seus educadores e professores.

COMUNICAÇÃO 3: O Sonho, o Desafio, a Filosofia e o Futuro – da teoria à prática – Rui Inglês, Patrícia Serra, Raquel Bom da Costa, Leonor Maio & Vasco Espírito Santo

Resumo: O Sonho , o Desafio, a Filosofia e o Futuro – Rui Inglês
A prática – a implementação da filosofia, o caminho – Patrícia Serra e Raquel Bom da Costa
A experiência e o depois – Leonor Maio e Vasco Espírito Santo

A Instituição de Ensino Particular “O Jardim do Fraldinhas”, iniciou a sua atividade em setembro de 2004, nas vertentes de Creche e Jardim de Infância. Decorrida mais de uma década de atividade, surgiu a valência de 1.º ciclo, com o projeto educativo Casa da Árvore.
Este projeto vem permitir dar continuidade a uma visão pedagógica, onde a aprendizagem é sustentada no prazer da descoberta e a escola não é vista como uma instituição fechada sobre si mesma, mas de portas abertas para o mundo.
Os professores d’A Casa da Árvore, ao invés de debitarem saberes, orientam as aprendizagens, estimulam a sede de conhecimento e incentivam as crianças a vencerem obstáculos e a irem mais além. São, por isso, professores-tutores.
Diariamente, cada criança é respeitada na sua individualidade e os professores-tutores desenvolvem estratégias que permitem aos alunos serem mais autónomos, mais responsáveis, mais interventivos, mais solidários e, acima de tudo, a serem felizes.
Alicerçada em metodologias que privilegiam uma educação ativa, o trabalho de projeto é a base sólida onde se edifica o conhecimento. A interdisciplinaridade é essencial para o desenvolvimento dos projetos, que resultam da curiosidade dos alunos e o currículo é trabalhado numa dinâmica transversal. Os conteúdos são abordados através de experiências de aprendizagem que envolvem todos os alunos no seu percurso, respeitando o ritmo individual de cada um.
Na Casa da Árvore trabalha-se o indivíduo na sua plenitude. Trabalhar os valores, atitudes e os comportamentos para além do currículo é essencial para que esse indivíduo possa crescer em plena harmonia. Queremos prepará-lo para os desafios de hoje, enriquecendo o amanhã. Acreditamos, que os desafios para o futuro são na realidade as conquistas do presente.
A Casa da Árvore tem, por isso, o aconchego de um ninho, a amplitude de um olhar sobre o mundo e a maravilhosa imaginação de uma criança.
“A Aprendizagem acontece quando nos encantamos …”

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01 junho | 17:30
CONFERÊNCIA 5 – SER CRIANÇA: A URGÊNCIA DA ARTE E DA NATUREZA NO CONTEXTO EDUCATIVO PORTUGUÊS

COMUNICAÇÃO 1: Ser Criança no espaço natural: a magia da nossa essência – Carlos Neto

Resumo: As memórias de infância ligadas à aventura e jogo com a natureza dificilmente se esquecem. Sair de casa e desfrutar o ar livre é uma atividade sempre importante na nossa formação motora, psicológica e social. Sair de casa para fazer o quê? Para onde ir? O que podemos fazer? O que podemos descobrir de novo? Como podemos ser mais ativos? Brincar a quê?
Podemos visualizar o envolvimento físico (jardins públicos, espaços de jogo, florestas naturais ou protegidas, jardins botânicos, espaços de aventura, lagos naturais ou construídos, etc.), descobrir as suas características, explorar as suas possibilidades de ação (subir às árvores, escorregar, enrolar-se no solo, esconder-se, jogar à bola, rolar de patins, skate, mexer e chapinhar na água – como é bom sujar-se, apanhar bichos de conta, tocar em pedras, pauzinhos, arbustos, correr, saltar, lançar, dançar, equilibrar-se, etc.) e desfrutar os ensinamentos do seu funcionamento. A magia da natureza pode ser percebida através de experiências realizadas em espaços naturais ou construídos. Cada saída de casa ou da escola, pode ser uma aventura para todos, desfrutando o clima e o espaço natural. Cada saída é uma aventura diferente. Interagir com a natureza pode ser feita de diversas formas: umas mais ativas ou outras mais contemplativas. Observar a vida animal, apurar os sentidos, aumentar o nível de mobilidade ao ar livre, são elementos constituintes da aprendizagem de estilos saudáveis ao longo da vida. Porque brincar ao longo da vida aprende-se na infância.
Brincar de forma livre com o espaço natural através da exposição do nosso corpo com a imprevisibilidade suscitada a cada instante pelos constrangimentos da natureza, constitui a forma mais ancestral de sabedoria conquistada pela humanidade. A nossa memória como espécie animal no tempo evolutivo tem mais de cinco milhões de anos, dos quais 99.999% vividos em contato com a natureza e 0,0001% vividos na cidade (idade digital?). Essa capacidade de adaptação ao meio natural foi estruturada durante longos anos, e desde muito cedo, porque somos a única espécie animal com a infância mais prolongada no tempo. Como podemos desperdiçar esse legado ancestral e termos procedido a um “corte de experiência de desenvolvimento com a natureza” nas crianças do nosso tempo, impondo uma lógica de funcionamento artificial, construída e racional? Por isso se torna muito importante brincar na infância ao ar livre. Primeiro é preciso decidir sair de casa, ou da escola, para depois poder observar e experimentar o poder e a magia dos contrastes da vida livre ao ar livre e de preferência na natureza. Criar conexão com a natureza numa dimensão não formal é expandir a aprendizagem expressiva do nosso corpo de forma direta, intencional e sustentável, construção de conhecimento através da atenção indireta e através de uma empatia socio emocional entre pares que permanece para o resto da vida. Através do contato com a natureza podemos desenvolver a nossa “máquina” humana sensorial e percetiva, pela estimulação visual, auditiva, tato, cheiro, tocar, etc., através do sistema propriocetivo, vestibular e quinestésico, numa conjugação complexa de perceções da temperatura, humidade, tempo e espaço. Entendemos também os conceitos de adaptação, mudança, diversidade e inter-relações. Todos percebemos no relacionamento com a natureza, inclusivamente as crianças, a necessidade de criar uma cultura sustentável da vida humana e do nosso planeta.
A educação e exploração da natureza, promove de forma explícita o convite ao brincar, ser ativo e mudanças de padrões de jogo, devido à multiplicidade de contrastes nas superfícies e variantes dos declives do terreno, tipos de vegetação e de árvores, alternância climatérica, fauna, locais secretos, materiais soltos, estruturas trepáveis, etc. Uma educação ambiental na infância não se pode implementar de forma abstrata. As crianças precisam de estudar e experimentar a natureza de forma concreta, descobrindo a sua forma de funcionamento, explorando os seus segredos e criando empatia e vinculação afetiva.

COMUNICAÇÃO 2: A Criança de mãos dadas com a Obra de Arte – Rita Rovisco

Resumo: É Natural na criança a curiosidade.O ambiente em que se desenvolve deve adequar-se à sua natureza. Cabe ao educador ampliá-lo e proporcionar-lhe oportunidades que enriqueçam a sua conexão com o seu mundo: novas perspetivas, novas relações e novas descobertas.

Aculturar as nossas crianças da história, do belo, das vidas passadas, do que outros olhos viram e registaram, da importância que é no desenvolvimento a expressão, no poder que tem a expressão, no respeito por opiniões diferentes, no acreditar que imaginando a obra acontece, na multiplicidade de seres que todos somos. É inspirá-los a criar um mundo melhor. Mostrando-lho.

COMUNICAÇÃO 3: A urgência da natureza: do princípio vital à experiência estética – Ofélia Libório & Aida Figueiredo

Resumo: Em Portugal os espaços exteriores não são suficientemente valorizados em Educação de Infância. No entanto, já foi evidenciada a importância das experiências de “rua” para as crianças, para o seu desenvolvimento enquanto seres individuais e, sobretudo, enquanto atores sociais que habitam o planeta Terra. O contacto com a natureza é um direito das crianças pelo que lhes proporciona e é também experiência essencial de educação ambiental.
Esta comunicação baseia-se na experiência educativa em jardins de infância da rede pública do Ministério da Educação, do concelho de Coimbra, realizada no presente ano letivo. Uma experiência enquadrada num projeto de investigação-ação, intitulado “Rua com eles”, que pretendeu proporcionar às crianças mais experiências de brincar ao ar livre, apoiar mudanças nos espaços exteriores dos jardins de infância e sensibilizar toda a comunidade educativa para a importância educativa desses espaços.
A experiências estéticas de usufruto e criação a partir da natureza surgiram naturalmente. A natureza é rica em possibilidades estéticas e é inspiradora de experiências artísticas.

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08 junho | 17:30
CONFERÊNCIA 6 – PEDAGOGIA E CURRÍCULO NA CRECHE: ARQUITETURA DE UM CONTEXTO SUBLIME

COMUNICAÇÃO 1: Políticas, serviços e práticas promotores de bem-estar e desenvolvimento das crianças entre os 0 e 3 anos de idade: linhas de pensamento e de ação – Gabriela Portugal

Resumo: Desde os trabalhos clássicos de Bronfenbrenner aos posicionamentos atuais de várias entidades e especialistas mundialmente reconhecidos, encontramos unanimidade relativamente ao que são condições favorecedoras de bem-estar e desenvolvimento das crianças. Na linha da perspetiva ecológica do desenvolvimento, destaca-se a importância da articulação de serviços de saúde, educativos, sociais, culturais, de políticas laborais, de habitação, etc., no apoio a crianças e famílias. Tal rede é vista como determinante para enfrentar desigualdades estruturais e travar fatores de risco para o desenvolvimento infantil. Nesta rede, foquemos o serviço socioeducativo creche. Não basta que exista e que esteja garantido o acesso universal. É indispensável que seja um serviço de elevada qualidade. Sabemos que contextos de elevada qualidade desenvolvem currículos e constroem ambientes de aprendizagem que visam o desenvolvimento de funções executivas e de autorregulação; abraçam projetos pedagógicos fortalecedores da agência infantil; valorizam a participação de famílias e comunidades nos processos de aprendizagem e desenvolvimento das crianças; em particular junto das crianças/famílias em situação de desvantagem, fornecem respostas contingentes às necessidades. Sabemos também que creches de elevada qualidade envolvem capacitação e qualificação dos profissionais, salários adequados e o justo reconhecimento do seu papel e tempo de serviço.
A partir destas linhas de pensamento, nesta comunicação, ‘arquitetam-se’ possibilidades de ação para um contexto sublime, a creche.

COMUNICAÇÃO 2: Escutar o pensar, sentir e fazer de educadoras de infância em creche – Isabel Correia

Resumo: Ampliar a reflexão sobre práticas pedagógicas com bebês e crianças pequenas, é uma necessidade urgente, já que durante anos foi negado aos bebês o direito a um espaço de qualidade que os contemple enquanto sujeitos de direitos. Cabe lembrar que não se trata de defender que a educação se sobreponha aos cuidados, mas que eles sejam indissociáveis, contribuindo, por um lado, para que as creches se configurem como lugares de encontro e aprendizagem entre crianças e adultos (famílias e profissionais), rompendo com conceções de organização normativa e, por outro, onde a profissionalidade dos educadores de infância seja valorizada. Tal facto, implica que a intervenção do educador no contexto de creche, se revista de algumas especificidades, no sentido de ultrapassar a visão assistencialista e atribuir intencionalidade educativa à ação do quotidiano. Na presente comunicação, damos a conhecer um estudo desenvolvido com seis educadoras de infância a intervir em contexto de creche, onde se procurou conhecer a sua profissionalidade e algumas vertentes das suas identidades profissionais. A sua escuta permitiu perceber a complexidade, abrangência e responsabilidade do seu campo de atuação, nomeadamente a natureza das suas funções, as finalidades e os sentidos atribuídos, bem como os fazeres das suas práticas pedagógicas com as crianças e com os adultos.

COMUNICAÇÃO 3: OuVer: escuta e participação da criança na Creche – Mónica Rolo

Resumo: Assegurar bem-estar e desenvolvimento pleno de crianças entre os 0 e os 3 anos é uma missão complexa que exige a construção de uma gramática adequada à primeira infância, centrada na ação da própria criança e na consciência da importância do seu papel como agente do seu processo educativo.
Urge contribuir para a criação de contextos ricos, assentes na educação experiencial com o foco no bem-estar emocional das crianças, capazes de responder de forma equitativa, estimulante e significativa aos interesses e necessidades de cada criança e das suas famílias.
É imprescindível que sejamos capazes de manter o foco nas respostas às necessidades, à curiosidade, aos cuidados e às experiências quotidianas com vista ao desenvolvimento de relações válidas e duradouras na vida de cada uma. Tendo como pano de fundo os fundamentos e princípios da pedagogia para a infância, importa perceber que práticas demasiado orientadas não apenas são ineficazes como podem ser prejudiciais à formação da personalidade da criança.
Desta forma, a intencionalidade pedagógica desenvolve-se a partir da escuta e da participação das crianças, na forma como cada contexto adequa as propostas ao nível dos cuidados e da educação, garante o seu direito à participação e a exercer influência nos assuntos que lhes dizem respeito e ter oportunidade de ser ouvida e de ver as suas opiniões tidas em conta.
Só assim será possível assegurar que estamos aptos para responder aos interesses e necessidades individuais da criança e construir relações recíprocas de confiança e segurança.

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15 junho | 17:30
CONFERÊNCIA 7 – DA ESCUTA À AGÊNCIA DA CRIANÇA: SER SUJEITO, ATOR E AUTOR NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM (INFORMAÇÃO EM ATUALIZAÇÃO)

COMUNICAÇÃO 1: A Documentação Pedagógica: A Harmonização das Vozes – Júlia Oliveira-Formosinho

Resumo: A Pedagogia-em-Participação é uma perspetiva pedagógica desenvolvida por mim e por João Formosinho em contextos de educação de infância a partir dos anos 1990, no âmbito da ação da Associação Criança. Esta perspetiva pertence â família teórica das pedagogias participativas, acentua a Pedagogia como a construção de quotidianos educativos democráticos e desenvolve-se através de formação participada em contexto de trabalho. Os quotidianos democráticos exigem uma harmonização de vozes que não se desenvolve de forma espontaneísta nem como mera retórica sobre a participação, antes apelam a uma formação profissional longa, exigente e apoiada que promove o diálogo entre reflexão e ação.

Paulo Freire ensinou-nos que os processos de transformação da ação educativa exigem que os profissionais tenham acesso à reconstrução dos saberes pela reflexão transformadora da ação.

Nesta conferência interrogo como tornar fecundos os processos de desenvolvimento profissional de inspiração freiriana.

COMUNICAÇÃO 2: Pedagogia e currículo na educação de infância: o risco da escolificação – João Formosinho

Celebrou-se o ano passado o centenário do nascimento de Loris Malaguzzi, fundador da perspetiva pedagógica de Reggio Emilia, cuja herança pedagógica é um manancial para a educação de infância, pois ele foi o maior inspirador das pedagogias participativas do século vinte.

Celebrou-se também o ano passado os cinquenta anos da publicação do livro seminal de Paulo Freire A Pedagogia do Oprimido, que, com o conjunto da sua obra, constitui um desafio para pensar a praxis de formação como procura de liberdade, de ética e de partilha do poder.

São celebrações importantes de um desenvolvimento pedagógico na educação de infância no século passado

Na sequência da escolificação da educação de infância que estamos a assistir, iremos analisar o risco da extensão desta tendência regressiva da educação pré-escolar para a educação em creche.

Terminaremos lembrando que a melhor forma de evitar a escolificação progressiva da educação de infância é desenvolver pedagogias participativas que envolvam cada criança e cada profissional na construção dos quotidianos educativos.

COMUNICAÇÃO 3: Planejar caminhos de aprendizagens com as crianças: intencionalidade, sustentação e restituição – Paulo Fochi

As reflexões e provocações partilhadas a respeito do planejamento partem da experiência em curso que temos desenvolvido junto às escolas do Observatório da Cultura Infantil – OBECI. O OBECI é uma comunidade de apoio ao desenvolvimento profissional no sul do Brasil que envolve 6 escolas (3 públicas e 3 privadas) e que tem como objetivo a promoção e a sustentação da transformação dos contextos educativos. Nesta comunidade, o planejamento se insere um aparato instrumental projetual articulado com uma certa compreensão de documentação pedagógica enquanto uma estratégia para a construção do conhecimento praxiológico. O interesse por pensar a respeito deste tema se dá a partir da necessidade de problematizar os instrumentos que utilizamos para ler a realidade, refleti-la, problematizá-la e projetar a ação pedagógica em creches e pré-escolas de modo que atendam à complexidade das crianças e às especificidades da Educação Infantil.


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22 junho | 17:30
CONFERÊNCIA 8 – EDUCAÇÃO DE INFÂNCIA @ DISTÂNCIA: O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES E DAS FAMÍLIAS

COMUNICAÇÃO 1: Compartilhar e não transferir a educação das crianças: desaprendendo e reaprendendo com a pandemia – Gabriel de Andrade Junqueira Filho

Resumo: No que diz respeito ao papel da escola e da família na educação das infâncias, o advento da pandemia pela covid-19 é revelador e precioso: por um lado, expõe e intensifica a tensão pré-pandemia entre compartilhamento e transferência – terceirização – da educação das crianças; por outro, convida à revisão reflexiva do que é ser criança, ser pai, mãe, família, professora, professor, escola, do que é educar as crianças e as infâncias – presencialmente e @ distância –, (re) aproximando e ressignificando os vínculos entre os sujeitos dessas duas instituições.

COMUNICAÇÃO 2: A educação a distância: um reflexo da escola que somos – Mónica Resende

Resumo: A escola como organismo detentor de uma identidade, com valores e práticas conscientes, inspiradas na abordagem Malaguzziana, é um lugar de encontros, de partilhas, de socialização. Pensar o papel das instituições e das famílias nesta realidade, é uma reflexão que tem como base uma palavra: relação. “Uma relação que assenta na comunicação”, como nos referem as Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar.
Mas como poderemos manter uma comunicação eficaz num contexto de educação a distância?
A existência de um canal de comunicação é nuclear para manter as práticas, a relação. Posicionando o Educador como protagonista desta interação com crianças e famílias, questionamo-nos sobre as possibilidades e as condicionantes na dinamização desta educação a distância. Considerando como essencial o cuidar, a relação das crianças com a escola e com os seus habitantes, acreditamos que o educador é o elemento chave na promoção de um espaço de encontros que fomente a continuidade das relações. A arquitetura destes encontros é basilar para que as práticas pedagógicas identitárias mantenham o seu espaço, assumindo uma perspetiva ajustada ao contexto familiar, ao contexto do grupo e que respeite os pais na sua dinâmica pessoal e profissional.
Uma prática pedagógica desafiada por novas condicionantes é sempre um ponto de partida para refletir e uma oportunidade para colocar em perspetiva toda a ação.

COMUNICAÇÃO 3: A Imagem Digital na Educação de Infância – Ana Sofia Godinho

Resumo: Ninguém estava preparado para uma pandemia desta dimensão, que em pouco tempo, obrigou-nos a readaptar, reaprender a aprender, reaprender a ensinar e principalmente reaprender a viver. Com o encerramento das escolas e, com o afastamento social provocado pela COVID-19, a tecnologia surge como a resposta imediata para garantir a ligação entre a escola e a casa. O Município de Óbidos, através dos programas Crescer Melhor e Fábrica da Criatividade, concebeu uma resposta digital, garantindo uma rotina diária com atividades lúdicas, interativas e dinâmicas. Rapidamente, a resposta digital destes programas ultrapassou o território de Óbidos e, as atividades propostas alcançaram milhares de pessoas em mais de 15 países como Brasil, Espanha, França, Suíça, Reino Unido, Canadá, Bélgica, Itália, Alemanha, Angola, entre outros.

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