Este projeto surge na sequência das intervenções práticas, ancoradas essencialmente na utilização das expressões artísticas, que têm vindo a ser realizadas desde o ano letivo de 2011/2012, com grupos de reclusos do Estabelecimento Prisional de Leiria (Jovens), pelos estudantes da licenciatura em Animação Cultural da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria.
No ano letivo de 2014/2015 decidiu-se estruturar estas experiências de modo a conhecer as conceções que indivíduos privados de liberdade detêm relativamente ao tempo, bem como, os sentidos que lhe atribuem. Com efeito, num quadro de profundas transformações da práxis quotidiana relativamente aos modos de uso individual do tempo, interessa neste estudo perceber que significados são atribuídos pelos sujeitos ao tempo num contexto específico de vivência prisional, ou seja, quais os modos como os reclusos se compreendem a si e à sua experiência quotidiana neste espaço e qual o sentido que lhe conferem.
Neste contexto, as artes podem adquirir um papel preponderante, enquanto instrumentos privilegiados de desenvolvimento da pessoa em inúmeras dimensões, sobretudo na criação de sentidos e dos significados com os quais constrói o mundo e o eu no mundo (Bolton, 1998).
Assim, os pressupostos teóricos que norteiam esta intervenção/investigação derivam de contributos oriundos de vários investigadores em ciências sociais, em educação artística e de outros campos, onde se salienta a importância da realização de experiências artísticas nas várias esferas constitutivas do ser humano, bem como, na construção social que se faz do tempo.
Com base neste entendimento, definiu-se a seguinte questão de investigação:
“Quais são as conceções do tempo entre os reclusos num estabelecimento prisional?”
Neste sentido, a metodologia proposta prende-se com a realização de diversas experiências artísticas com dois grupos de 10/12 reclusos, criando espaços de comunicação e de reflexão que permitam conhecer a forma como o tempo é percecionado pelos jovens e de que modo este é vivenciado e experienciado enquanto forma de experiência social e de organização de modos de vida.
A equipa de docentes – investigadores,
Jenny sousa
Ana Fontes
Maria de São Pedro Lopes