Azulejaria em Portugal no século XVII

Azulejaria em Portugal no século XVII : Elenco

Biografia do Autor:

João Miguel dos Santos Simões (15.07.1907 – 15.02.1972) foi um engenheiro e investigador português que se especializou em azulejaria portuguesa. O interesse de Santos Simões pela História de Arte poderá ser o reflexo da sua educação cultural. O pai era tesoureiro na Associação dos Arqueólogos Portugueses e acompanhava-o ao Museu do Carmo desde os 11 anos: uma biblioteca apetrechada, as várias excursões de estudo que acompanhou, e o convívio com as principais figuras da História de Arte Portuguesa, em especial com José Queirós, alimentavam a sua curiosidade natural e sensibilizaram-no para as questões artísticas. Na década de 40 iniciou o estudo sistemático da azulejaria: em 1942, publicou o seu primeiro estudo em azulejaria, “Alguns Azulejos de Évora” na revista A Cidade de Évora; em 1944, fez dois estágios teóricos em Madrid (no Instituto Valencia Don Juan e no Museu Arqueológico) e outro prático em Talavera de la Reina (na fábrica Ruiz de la Luna), este que o inspirou a montar um pequeno laboratório para exame de pastas cerâmicas e vidrados na sua casa em Tomar. Esta aplicação de processos técnicos e a sistematização do conhecimento herdado da metodologia das Ciências seriam aplicados ao estudo da azulejaria e para a construção de uma tipologia que ainda vigora entre os estudiosos da área. Entre 1944-60, multiplicaram-se os seus estudos naquela temática e foi o investigador que mais se destacou internacionalmente (cerca de 26 artigos sobre azulejaria em português, holandês, italiano, francês e castelhano). Em 1957, propôs ao presidente da FCG, o Dr. José de Azeredo Perdigão, a publicação de uma obra sob o título “A Arte do Azulejo em Portugal”, que se materializou no Corpus da Azulejaria Portuguesa (dois volumes em exposição). Foi nomeado coordenador da Brigada de Estudos de Azulejaria em 1958 para concretizar essa obra colossal, sendo a finalidade deste grupo proceder ao “rastreio, colheita de fotografias e outros elementos informativos com vista à publicação do corpus e estudos monográficos” (Simões: 1960), tendo sido publicados 5 tomos em 6 volumes entre 1963 e 1979 decorrente desse inventário. Foi vogal efetivo da Academia Nacional de Belas-Artes (1946) e membro correspondente da Real Academia de Bellas Artes de Santa Isabel de Hungría (Sevilha, 1952).O legado de Santos Simões continua a ser uma referência incontornável na área de estudo, inventário e investigação da azulejaria, que se tornou independente da cerâmica, a nível nacional e internacional, e foi essencial para a afirmação do azulejo como marca identitária e expressão artística diferenciadora da cultura portuguesa, tão em voga hoje em dia. O seu espólio foi doado pelos herdeiros ao Museu Nacional do Azulejo em 2007.

Resumo da Monografia:

Incluído no Corpus da Azulejaria Portuguesa, este tomo apresenta dois volumes. Este segundo volume refere-se ao elenco da azulejaria do século XVII em Portugal, ou seja, a enumeração de núcleos de azulejos, que funciona como um guia onde se registam exemplares típicos da época em estudo, neste caso do século XVII. Santos Simões seguiu o critério da ordenação topográfica, com a dita enumeração dos núcleos estudados por localização, dentro das respetivas compartimentações geográficas e administrativas: Norte, Beiras, Centro e Sul. Incluí cinco índices, onomástico, ideográfico, cronológico, estampas, e estampas por localidades. Também incluí uma referência à igreja matriz das Caldas da Rainha (Igreja de Nossa Senhora do Pópulo) na p. 82.

– SIMÕES, J. M. dos Santos – Azulejaria em Portugal no século XVII : Elenco. Fotografias do autor, Estúdio Mário Novais e Teófilo Rego; il. Emílio Guerra; direção da produção da 2ª ed. José António Flores; fotografias adicionais Luís Filipe Oliveira. 2ªed. revista e atualizada. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1997. 333 p. (Corpus da Azulejaria Portuguesa. 5)

Santos Simões e o Museu do Azulejo:

Santos Simões foi uma peça fundamental para a constituição do Museu Nacional do Azulejo. Para entendermos a sua importância, teremos de recuar às suas primeiras interações com o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), instituição responsável pelo Museu do Azulejo até à sua emancipação em 1980. Entre 1944-45, Santos Simões foi convidado a colaborar com o Centro de Estudos de Arte e Museologia do MNAA para estudar os azulejos desse núcleo museológico, onde também apresentou comunicações sobre Azulejaria. Escreveu para o Boletim do museu um artigo com os resultados desse estudo, Considerações sobre a colecção de azulejaria do Museu Nacional de Arte Antiga em 1947. Nesse mesmo ano, organizou a VIª Exposição Temporária – Azulejos (patente de 1 de março a 1 de julho). Além de ter sido também responsável pela elaboração do catálogo, no dia 3 de março apresentou a conferência Panorama do Azulejo em Portugal. Simultaneamente, Santos Simões começou a colaborar com o MNAA na qualidade de conservador-ajudante, prestando apoio à coleção de cerâmica em 1957. Entre 1957-58, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, foram realizadas as primeiras obras de cariz museológico no antigo Convento da Madre de Deus, para a realização de uma exposição comemorativa por ocasião do V Centenário do Nascimento da Rainha D. Leonor. Por despacho ministerial de homologação no dia 12 de novembro de 1957, ficou determinado a sua integração no Museu Nacional de Arte Antiga através de orientações políticas específicas de salvaguarda patrimonial. Terminada a exposição, os edifícios do convento foram entregues à tutela daquele museu, tendo sido logo levantada a questão de aproveitamento dos espaços para a instalação de um Museu do Azulejo. Santos Simões foi responsável pela montagem e organização dos azulejos transferidos do MNAA, para a nova Secção de Cerâmica do Museu Nacional de Arte Antiga, em funcionamento desde 1959. No âmbito da criação do Museu do Azulejo, Santos Simões redigiu vários documentos: Museu do Azulejo: Proposta para a sua creação (1960), Adaptação dos Edifícios do antigo convento da Madre de Deus a Museu de Azulejaria (1960), Da exposição temporária de azulejaria ao Museu do Azulejo (1945-1961) (1962) e Da montagem e apresentação museológica de azulejos (1962). No dia 18 de novembro de 1963 foi nomeado conservador-ajudante do Museu Nacional de Arte Antiga. Finalmente, em 1965, foi fundado o Museu do Azulejo, na parte dada como montada no Convento da Madre de Deus, sendo Santos Simões nomeado o seu primeiro diretor, embora funcionando como anexo do MNAA, nos termos do Decreto-Lei nª 46758, de 18 de dezembro. Pelo Decreto-Lei nª 404/80, de 26 de setembro, o Museu recebe a sua emancipação, tornando-se Nacional e autónomo do MNAA.

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