José Queirós (13.07.1856 – 31.07.1920) foi um historiador de arte e colecionador de cerâmica português. Também foi pintor discípulo de Columbano Bordalo Pinheiro e José Malhoa. Elogiado pela imprensa nacional pelo seu trabalho, tanto na compilação e recolha de trabalhos anteriores como no complemento de lacunas dos seus antecessores através da análise de milhares de peças cerâmicas, Queirós escreveu maioritariamente sobre cerâmica, mas também se dedicou ao estudo dos azulejos e outras “artes industriais”. A sua obra-mestra foi Cerâmica Portuguesa (obra em exposição), editada em 1907, com reedição e atualização em 1987. Constitui um marco na historiografia portuguesa, condensando em si a evolução da indústria cerâmica portuguesa, assim como as suas características. Em 1916, foi nomeado “inventariador de azulejos” do país: era da sua responsabilidade organizar a primeira inventariação dos azulejos existentes em Portugal, embora sem finalização dado o seu falecimento. Participou na fundação do Grémio Artístico (antecedente da Sociedade Nacional das Belas Artes); foi membro da Associação dos Arqueólogos Portugueses e presidente da Secção de Estudos Olisiponenses dessa Associação (1912-20); pertenceu à Sociedade Promotora de Belas-Artes em Portugal (1873-87); e foi nomeado conservador do Museu Nacional da Arte Antiga (1911). Graças a ele, em maio de 1911, foi aberta a sala de Cerâmica e Vidro do Museu Nacional de Arte Antiga. Curiosamente, Queirós conheceu Santos Simões na Associação dos Arqueólogos Portugueses. No prefácio do tomo I de Azulejaria em Portugal no século XVII (obra em exposição), Santos Simões conta que se recorda de ver Queirós a preparar a Exposição Olisiponense em 1914 quando tinha 7 anos. O afeto que nutria por Queirós, afirmando ser o seu favorito dos membros da AAP, era mútuo. Termina o referido prefácio: “… O rapazinho de então devolve-lhe, respeitosamente, o carinho daquelas primeiras lições.”

A presente monografia condensa a obra, considerada de referência para a identificação de peças cerâmicas portuguesas, Cerâmica Portuguesa, assim como estudos avulsos e dispersos dedicados à cerâmica. Direcionado a colecionadores, estudiosos de arte e curiosos da cerâmica, esta obra centra-se na historiografia da cerâmica em Portugal, que completa com um levantamento das fábricas que existiram ao longo do tempo, uma lista de artistas cerâmicos (“escultores-barristas”), e dois dicionários, um de marcas e outro de ceramistas. Na secção relativa aos “outros estudos”, estão reunidos vinte artigos relativos à cerâmica portuguesa, azulejaria, e coleções de cerâmica particulares. As Caldas da Rainha são referenciadas no capítulo IV das fábricas e no dicionário das marcas; a fábrica Bordallo Pinheiro também surge nessas parte e no índice das marcas; e no dicionário dos ceramistas surge inúmeros caldenses, incluindo Rafael Bordallo Pinheiro.

– Monografia Online disponibilizada na “Biblioteca DigiTile: Azulejaria e Cerâmica Digital – Biblioteca digital de Arte ” – (aqui) – (cópia digital da 1ª edição).