Abstract / Resumo

abstract, também referido indistintamente como resumo no contexto português, é um género escrito do discurso académico que tem como objetivo principal condensar a informação essencial relativa a uma investigação já realizada (e manifestada num artigo, tese de doutoramento ou dissertação de mestrado) ou a concretizar (em particular, sob a forma de comunicação em evento científico). Neste sentido, distingue-se do resumo usado em contexto pedagógico do ensino básico e secundário. Como objetivo complementar, conta-se o de atrair potenciais interessados para essa investigação, salientando a sua qualidade, validade e relevância. Quer o abstract, quer o texto com que se relaciona (escrito ou oral) são redigidos pela mesma pessoa.

O autor de um texto do género abstract seleciona conteúdos diversos entre os que são considerados mais importantes para caracterizar a pesquisa: o tema da investigação, os objetivos, o problema ou a questão a abordar, as hipóteses de trabalho, os pressupostos ou assunções prévias, o enquadramento teórico e as principais referências, a metodologia adotada e os resultados esperados ou obtidos. Os conteúdos que mais frequentemente integram os textos deste género são o tema, os objetivos, o enquadramento teórico (ou as principais referências) e os resultados.

abstract constitui um género incluído quando resume a informação (e ocorre junto) de um texto dos géneros artigo científico, tese de doutoramento ou dissertação de mestrado. E é um género autónomo quando ocorre isoladamente numa proposta de comunicação a apresentar em encontro científico. Enquanto género autónomo, os textos são elaborados visando ser avaliados positivamente numa arbitragem anónima por pares, para que os respetivos autores possam participar num evento científico, apresentando uma comunicação ou um poster, participando numa oficina ou mesa-redonda, etc.

Dada a sua função de condensar as informações mais relevantes, os exemplares do género abstract são textos curtos. Nos casos em que é um género autónomo, cada exemplar deste género pode variar: regra geral, possui cerca de 300 palavras, no mínimo (ainda que haja exemplares com um número inferior), e 600 palavras, no máximo (do mesmo modo, também há exemplares com um número superior). Quando se trata de um género incluído, a extensão também é variável: são textos mais curtos quando introduzem um artigo científico (normalmente, contêm até um máximo de 300 palavras) e mais extensos quando introduzem uma tese de doutoramento ou uma dissertação de mestrado (podendo ocupar uma página A4 ou mais). Estes limites flexíveis são geralmente prescritos pelas comissões organizadoras dos eventos científicos (nos casos em que o abstract configura um género autónomo) e pelas comissões editoriais das publicações ou pelas instituições que conferem o grau (nos casos em que constitui um género incluído em textos dos géneros artigo científico, tese de doutoramento e dissertação de mestrado).

Numa outra perspetiva, pode-se conceber os dois tipos de abstract como dois géneros distintos (ou, eventualmente, como dois subgéneros do mesmo género), ainda que geralmente os textos partilhem a mesma etiqueta. Dado que, enquanto exemplares de um género autónomo e de um género incluído, os textos são enquadrados por parâmetros sociossubjetivos distintos, esta conceção parece estar mais próxima das propostas do Interacionismo Sociodiscursivo.

Os objetivos do abstract e as coordenadas contextuais da sua leitura nas comunidades académicas em que circula – por outras palavras, as suas propriedades das componentes pragmática e enunciativa – condicionam a escolha de mecanismos composicionais (plano de texto), semânticos e lexicais (escolha de palavras ou expressões) e estilístico-fraseológicos (estrutura de frases). Por exemplo, o seu carácter de texto de apresentação e a limitação de extensão determinam um plano tendencialmente previsível e mecanismos linguísticos de condensação de informação.

A descrição efetuada responde a critérios de descrição e classificação geralmente adotados no âmbito da Análise do Discurso (Maingueneau, 2014), da Teoria do Texto e da Linguística Textual (em particular, na Análise Textual dos Discursos, segundo Adam, 2008).

Referências

Adam, J.-M. (2008). La linguistique textuelle. Introduction à l’analyse textuelle des discours. 2.e éd. Armand Colin.
Maingueneau, D. (2014). Discours et analyse du discours. Armand Colin.

Forma de referenciação sugerida

Silva, P. N. (2021). Abstract. Retirado de: https://sites.ipleiria.pt/pge/abstract-resumo/

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