Conferência, Marco Ferreira, Imaginário – 15 de Março de 2018

Marco Ferreira

Marco Ferreira, natural dos Açores, S.Miguel, é licenciado em Artes Plásticas – Escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (2008). No seu percurso profissional realizou um estágio profissional na Eurodisseia, Instituto de Restauro e Conservação de Bens Culturais de Valência (Institut Valencià de Conservació i Restauració de Béns Culturals), em Espanha, e trabalhou como artesão na Sterling Studios, Londres (2012–2015), sendo esta uma companhia especializada em design de superfícies na qual realizou a aplicação de várias técnicas de decoração especialmente em vidros e espelhos. Concluiu o Curso Técnico Superior Especialista em Cerâmica e Vidro, no CENCAL – Centro de Formação Profissional na Indústria de Cerâmica, Caldas da Rainha (2017).
Está actualmente focado em terminar a sua dissertação de mestrado na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha do Instituto Politécnico de Leiria (ESAD.CR – IPLEIRIA).

 

Imaginário

Quando olhamos o mundo, não o vemos inteiramente como ele é, mas sim, como os nossos olhos e o restante do nosso ser o permitem ver. Assim, olhar o mundo é sempre uma projeção de nós, é um ver-nos parcialmente. De todos os seres à fase da Terra, só o Homem conseguiu ver deuses, máquinas, ideologias, crenças etc., enfim, um número ilimitado de imaginários, pelos quais o Homem se abstrai da noção da sua existência precária, face ao nada, à morte e ao tempo. Assim, pode-se deduzir que a imaginação pode funcionar como um fator de equilíbrio psicossocial, perante uma situação desfavorável do meio.
Hoje, nesta nossa era, onde os deuses cada vez menos imperam, onde as máquinas nos alienam e onde a destruição do planeta e consequente extinção da humanidade é iminente, faz com que haja razões para nos aberrarmos.
É perante esta racionalidade contemporânea, tão fragilizada, por se encontrar desprovida de valores que possa seguir, que surge a emancipação desses monstros, bichos ferozes e fantásticos. Eles são a incorporação de um sentimento de inquietação e de desejo de fazer abalar, desarrumar o sistema ou norma, que já não serve mais, para arrumar uma norma mais de acordo com as aspirações do Homem de hoje. Assim sendo, deixamos fluir pelos domínios da monstruosidade, porque como nos diz José Gil:

“São os nossos guardiões e é necessário produzi-los apenas em número suficiente para nos ajudar a pensar e a manter a nossa humanidade em nós. Sob pena de já não sabermos muito bem o que faz de nós seres humanos.”

(José Gil “Monstros” Quetzal Editores, Lisboa 1994)

 

Conferência – 15 de março

Vídeo – (aqui)

 

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