EMDA 24 – 16 de janeiro de 2025

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O apresentador

Antonio Naéliton do Nascimento

Antonio Naéliton do Nascimento
Doutorando em Linguagem e Ensino pelo Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino (PPGLE) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
antonio.naeliton@estudante.ufcg.edu.br

Nota biográfica
Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino (PPGLE) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), com estágio doutoral em andamento no Instituto Politécnico de Leiria (IPL), em Portugal, como bolsista do Programa de Doutorado-Sanduíche no Exterior (PDSE) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Mestre em Linguagem e Ensino pelo PPGLE da UFCG e Graduado em Letras (Língua Portuguesa) pela mesma Universidade. Foi professor substituto do Departamento de Letras e Artes da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Seus trabalhos de pesquisa, situados no campo crítico-colaborativo da Linguística Aplicada, focalizam a transposição didática da Oralidade e da Produção Textual, a formação docente, o estágio supervisionado de língua portuguesa, assim como os documentos parametrizadores do ensino básico no Brasil. É integrante do LABOR – Laboratório brasileiro de oralidade, formação e ensino (UFJF), onde atua como coordenador do Grupo de Estudos Aberto do Labor e como produtor/revisor de materiais didáticos.

A apresentação

Título:
O ensino do eixo oralidade no estágio supervisionado: (des)continuidades entre os trabalhos prescrito, real e representado

Doutorando: Antonio Naéliton do Nascimento[1]
Orientadora do Brasil: Drª. Denise Lino de Araújo[2]
Orientador do Doutorado-Sanduíche no Exterior: Drº. Luís F. T. Barbeiro[3]
Orientadora do Doutorado-Sanduíche no Exterior: Drª. Carla M. G. H. da C. Marques[4]


Resumo

Apesar dos avanços a serem considerados no que se refere à educação linguística no Brasil, o aprofundamento no tratamento das práticas orais de linguagem quanto à produção, compreensão e análise, revela-se uma necessidade tanto no contexto de formação inicial, quanto no efetivo exercício da docência. Nesse ínterim, destaca-se o contexto de estágio supervisionado de Língua Portuguesa para o ensino médio como um campo profícuo a ser explorado. Nele, por exemplo, não há como desconsiderar as prescrições, os coletivos, as regras do ofício e suas ferramentas (Amigues, 2004), dado que são fatores constitutivos do exercício da docência e propiciadores da didatização de objetos de ensino, como a oralidade. Em função disso, o presente projeto de tese, cuja investigação encontra-se em andamento, visa investigar as (des)continuidades entre os trabalhos prescrito, real e representado apresentadas na transposição didática do eixo oralidade no ensino médio realizada por estagiários do curso de Letras – Língua Portuguesa de uma universidade pública federal brasileira. Trata-se da análise das prescrições que (retro)alimentam a prática pedagógica, assim como da análise do efetivo exercício da docência e da forma com que os sujeitos (implicados no processo) significam e constroem representações a respeito da própria prática de ensino do eixo oralidade. Consecutivamente, essas três formas correspondem ao que o Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) entende por trabalho prescrito, trabalho real e trabalho representado (Bronckart, 2006, 2008). Quanto à metodologia, trata-se de uma pesquisa participante (Schmidt, 2006), de abordagem qualitativa (Chizzotti, 2000), situada no campo crítico-colaborativo da Linguística Aplicada (LA) numa vertente transdisciplinar (Signorini, 1998; Moita Lopes, 2006). Os dados foram gerados em um contexto de estágio supervisionado de Língua Portuguesa no ensino médio, do curso de Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), campus sede, em que o pesquisador responsável foi também orientador dos dois participantes que estagiaram em escolas da rede estadual de ensino da Paraíba. O corpus de análise é constituído de documentos prescritivos produzidos pelos participantes durante a atividade de estágio; das entrevistas pré e pós-tarefas, gravadas em áudio, concedidas por eles; e dos relatórios produzidos ao final do estágio. Teoricamente, o projeto ancora-se: nos estudos da oralidade como objeto de ensino e de estudo (Marcuschi, 2001, 2008; Magalhães, 2008); nas contribuições do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) para o trabalho docente (Amigues, 2004; Bronckart, 2006, 2008); e nos estudos sobre estágio supervisionado e transposição didática (Pimenta; Lima, 2006; Chevallard, 2013), dentre outros autores. Defende-se, nesta investigação em curso, a ideia de que o processo de transposição didática (TD) contido nos três tipos de trabalho supõe (des)continuidades e estas podem revelar saberes/conhecimentos linguísticos da oralidade de diferentes naturezas, advindos de contextos distintos, que são mobilizados, (re)configurados, processo aqui compreendido como oralidades. Espera-se, com a pesquisa, concorrer para a explicitação de uma ergonomia do oral, isto é, construir inteligibilidades sobre as relações difusas e complexas na didatização da oralidade, diante das (des)continuidades entre o prescrito, o real e o representado pelos estagiários.

Palavras-chave: oralidade; estágio supervisionado; (des)continuidades. 

Referências

AMIGUES, R. Trabalho do professor e trabalho de ensino. In: MACHADO, A. R. (org.).O ensino como trabalho: uma abordagem discursiva. Londrina: Eduel, 2004.

BRONCKART, J. P. Atividade de linguagem, discurso e desenvolvimento humano. Organização e tradução de Anna Rachel Machado e Maria de Lourdes Meirelles Matencio. Campinas: Mercado de Letras, 2006.

BRONCKART, J. P. O agir nos discursos: das concepções teóricas às concepções dos trabalhadores. Tradução de Anna Rachel Machado e Maria de Lourdes Meirelles Matencio. Campinas: Mercado de Letras, 2008.

CHEVALLARD, Y. Sobre a teoria da transposição didática: algumas considerações introdutórias. Revista de educação, ciências e matemática, v.3, n.2, mai/ago, 2013.

MAGALHÃES, T. G. Por uma pedagogia do oral. Londrina: Revista Signum. Estudos da Linguagem, n.11/2, p.137-153, dez. 2008.

MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001.

MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Párabola, 2008.

MOITA LOPES, L. P. Linguística aplicada e vida contemporânea: problematização dos constructos que têm orientado a pesquisa. In: MOITA LOPES, L. P. (org.). Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. p. 85-108.

PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e docência: diferentes concepções. Revista Poíesis, v. 3, n. 3 e 4, p. 5-24. 2006. Disponível em: https://revistas.ufg.br/poiesis/article/view/10542. Acesso em: 20 jul. 2022.

SIGNORINI, I. Do residual ao múltiplo e ao complexo: o objeto da pesquisa em Linguística Aplicada. CAVALCANTI, M.; SIGNORINI, I. (org.). Linguística aplicada e transdisciplinaridade: questões e perspectivas. Campinas-SP: Mercado de Letras, 1998.

[1] Doutorando em Linguagem e Ensino pelo Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino (PPGLE) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), com estágio doutoral em andamento na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS) do Instituto Politécnico de Leiria (IPL). E-mail: antonio.naeliton@estudante.ufcg.edu.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8616-6276.
[2] Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Professora titular do curso de Letras – Língua Portuguesa da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). E-mail: denise.lino@professor.ufcg.edu.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5426-340X.
[3] Doutor em Educação – Metodologia do Ensino do Português pela Universidade do Minho. Professor do Instituto Politécnico de Leiria (IPL) – Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS). E-mail: luis.barbeiro@ipleiria.pt. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5798-2904.
[4] Doutora em Língua Portuguesa: Investigação e Ensino pela Universidade de Coimbra – Faculdade de Letras. Investigadora integrada do CELGA-ILTEC, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. E-mail: carlacunhamarques@uc.pt. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1320-5684.