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A apresentadora

Ana Margarida Simões
Ana Margarida Simões
Estudante do doutoramento em Linguística (especialidade de Linguística Educacional) na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Professora Assistente Convidada na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Nota biográfica
Ana Margarida Simões é, desde 2022, Professora Assistente Convidada na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde leciona nos cursos de Português para estrangeiros. Encontra-se no último ano do doutoramento em Linguística, na especialidade de Linguística Educacional, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Concluiu, em 2018, a licenciatura em Línguas Modernas na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, na variante de Alemão e Espanhol com menor em Português e é mestre em Ensino de Português e de Espanhol no 3.º ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário pela mesma instituição. Tem trabalhado no ensino de Português Língua Materna e Português Língua Estrangeira, bem como de língua espanhola, e tem focado a sua investigação nas áreas da Linguística Educacional, da Semântica e da Linguística Textual.
A apresentação
Título:
Mapeamento de relações discursivas e diagnóstico de áreas críticas em textos de opinião de estudantes universitários portugueses
Resumo
Esta comunicação resulta de um trabalho de investigação ainda em curso no âmbito de um doutoramento em Linguística Educacional e tem como objetivos (i) apresentar um mapeamento das relações discursivas utilizadas em textos de opinião num corpus de escrita académica e (ii) identificar os pontos fortes e as áreas críticas dessas produções ao nível da coesão interfrásica e da coerência textual, de modo a diagnosticar as áreas em que uma intervenção intencional durante a formação académica é prioritária.
Vários trabalhos têm mostrado que uma das áreas críticas da escrita académica dos estudantes universitários portugueses consiste na falta de coesão e de coerência dos seus textos (cf., e. o. Silva, Santos & Sitoe, 2019; Lopes & Carapinha, 2019), parâmetros nos quais as relações discursivas assumem um papel central. Elas podem ser estabelecidas explicitamente através de um conector (porque, uma vez que, embora, …) ou de uma expressão linguística alternativa (motivo pelo qual, razão pela qual…) ou podem estar implícitas no texto, exigindo que os leitores as infiram a partir do contexto e do seu conhecimento do mundo (Prasad et al., 2006).
Embora o discurso académico seja, ainda, uma área disciplinar em construção, existe já alguma investigação sobre a escrita de estudantes universitários portugueses. No entanto, encontrava-se por fazer um mapeamento das relações discursivas utilizadas. Nesta comunicação, um primeiro contributo nesse sentido é propiciado através da análise de cinquenta textos de opinião do Corpus of Portuguese Undergraduates’ Texts (cf. Cardoso et al., 2014). A escolha deste género textual específico tem em consideração o facto de os estudantes continuarem a revelar fragilidades na argumentação (Costa, 2022).
Para a análise linguística do corpus, recorreu-se a uma metodologia mista. Por um lado, uma abordagem quantitativa permite um mapeamento rigoroso das relações discursivas usadas, possibilitando o tratamento estatístico dos tipos (explícita, implícita…) e dos valores semânticos (causa, concessão, finalidade…) das relações discursivas presentes nos textos. Por outro lado, uma abordagem de natureza qualitativa facilita a compreensão do contexto de ocorrência dessas relações e permite problematizar os usos de determinadas relações ou marcadores discursivos que uma análise apenas quantitativa não viabilizaria.
Um dos resultados que interessa discutir diz respeito a uma prevalência significativa de relações explícitas que contrasta com o que a análise de corpora com textos de falantes adultos proficientes tem vindo a revelar (cf. Mendes & Lejeune, 2022), nos quais as relações implícitas são muito mais frequentes. Outros aspetos a problematizar são os casos de erros e inadequações no uso de conectores, a coocorrência de conectores, o uso repetido de conectores com e sem propósito estilístico e o recurso a mecanismos de coesão interfrásica alternativos.
Partindo deste mapeamento e do diagnóstico de áreas críticas associadas à coesão e à coerência textuais, é possível a planificação de atividades didáticas que deem resposta a uma fragilidade da escrita académica que poderá ser transversal a vários níveis de escolaridade e, inclusivamente, a outros géneros textuais.
Palavras-chave: escrita académica, relações discursivas, coerência textual.
Referências
Cardoso, A., Magro, C., Braz, J. & Nunes, T. (2014). CUTe: Corpus of Portuguese Undergraduates’ Texts – Um recurso para a investigação em escrita académica em português. In A. Moreno, F. Silva, I. Falé, I. Pereira & J. Veloso (Eds.), XXIX Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística – Textos Selecionados (pp. 169-184). Associação Portuguesa de Linguística.
Costa, A. L. (2022). Nas margens da escrita académica. Revista de Estudos Linguísticos da do Porto N.º Especial (1). 55-78 https://doi.org//10.21747/16466195/ling2022v1a3
Lopes, A. C. M. & Carapinha, C. (2019). Trabalhar sobre o texto na aula de Português. In A. Luís, A. Nunes; C. Mello; J. Carecho & A. I. Ribeiro (Eds.), A formação inicial de professores nas Humanidades – Reflexões didáticas (pp. 399-415). Imprensa da Universidade de Coimbra.
Mendes, A., & Lejeune, P. (2022). CRPC-DB – A Discourse Bank for Portuguese. In Computational Processing of the Portuguese Language PROPOR 2022 (pp. 79-89). Springer. http://hdl.handle.net/10451/54255
Prasad, R., Miltsakaki, E., Dinesh, N., Lee, A., Joshi, A. & Webber, B. (2006). The Penn Discourse TreeBank 1.0 Annotation manual. University of Pennsylvania. https://catalog.ldc.upenn.edu/docs/LDC2008T05/papers/pdtb-1.0-annotation manual.pdf
Silva, P. N. da, Santos, J. V., Sitoe, M. (2019). Itinerários de escrita académica no ensino superior: Um projeto de investigação aplicada sobre textos e géneros. In F. Caels, L. F. Barbeiro & J. V. Santos (Eds.), Discurso Académico: Uma Área Disciplinar em Construção (pp. 265- 286). CELTA-ILETEC-Universidade de Coimbra. ESECS – Politécnico de Leiria.
